O primeiro trimestre deste ano serviu para mostrar que o setor turístico vive uma fase de recuperação dos negócios após esfriamento devido à crise econômica internacional. Após um final de 2008 em que os roteiros nacionais e internacionais registraram menor procura, os últimos meses apontam uma retomada gradativa dos gaúchos em busca de opções de viagem.
"O dólar voltou a cair e hoje está em uma situação estável, enquanto as condições de pagamento seguem favoráveis", explica a presidente da Associação Brasileira de Agentes de Viagem do Rio Grande do Sul (Abav-RS), Carmen Marun. Como o valor pago pelo pacote equivale à cotação do dólar no dia da compra, não há risco de os clientes serem surpreendidos por uma alta repentina.
O setor estima que os negócios foram ampliados em 10% em relação ao primeiro trimestre do ano anterior. Carmen cita a mudança de cultura do gaúcho perante o turismo como estímulo à venda de pacotes, já que a alternativa tem sido cada vez mais associada a lazer e saúde, tomando, inclusive, espaço de bens de consumo na opção de compras das famílias.
"Passado o susto, as pessoas percebem que a crise não é tão assustadora quanto se anunciava, e voltam a viajar", comenta Abrahão Finkelstein, diretor da agência Mercatur, de Porto Alegre. Ele observa que a turbulência dos mercados resultou em redução de preços para viagens internacionais para destinos como Estados Unidos e Europa. Estes países procuram reativar sua economia, e a atração de visitantes é uma das estratégias.
"As companhias aéreas também estão brigando por clientes, e reduziram os preços de suas passagens", diz Finkelstein, lembrando que, embora o mercado não esteja em um momento igual ao que vivia antes da crise, já passou pela pior parte. O setor também sabe que tem um 2009 recheado de feriados - há, por exemplo, o feriado de 1 de maio em uma sexta-feira e possibilidade de feriadão no 11 de junho, uma quinta-feira, devido a Corpus Christi.
Isto tudo representa mais opções para viagens a destinos próximos e possibilidade de ampliar os negócios feitos em 2008. Destinos como Buenos Aires e o Chile têm sido os preferenciais para os gaúchos em feriados curtos. O fretamento afeta praticamente todos os voos para estes destinos e barateia ainda mais os passeios. "Não houve aumento do preço dos pacotes em dólar nos últimos meses, mesmo com a crise", expõe Carmen.
Ela afirma que o Rio Grande do Sul foi um dos estados que, como destino, menos sofreu com esta crise, inclusive abrindo mais postos de trabalho do que fechando. De acordo com a Abav, um fator que vem sustentando este quadro é a posição de Porto Alegre se solidificando como uma capital de turismo de negócios, e o turismo de recepção está aumentando muito em
todo o Estado.